25 de nov. de 2006

A semana começa e ele espera o instante de ter com ela uma vida feita de pequenos momentos
: Sintonia Rolleiflex
Madrugada me consome como dois e dois roendo-me. Corrói-me pelos pêlos inicialmente, ´pois partem para longe.
Deixa-me. Levo-te à estação, despeço-me. Prometo não chorar.
(Sim, sei que tenho vocação, mas, não, se pedires para mim, acato).

Brigávamos muito, fazer o quê, ter paciência? Faça-me o favor.
Ademais, depois de um tempo acostuma-se a levar pelas mãos, como cego, quem sempre esteve ali, de um jeito ou de outro. E, francamente, a essa hora da manhã, o que esperava?

Acho que meu comportamento é aceitabilíssimo. Talvez somente essa palavra não exista, mas deveria. Porque é mais do que aceitável o retorno que te dou. Dou-te satisfação e você nem sequer me satisfaz. Faço é demais.

Não fosse mulher, esmurrava-te.
Um som grave cruzando as horas.
Vento grosso no rosto, molhado.
O cheiro de dama-da-noite.

De um lado, o lago e suas águas dançarinas.
De outro você e seus pensamentos
...de um dia ser astronauta, um dia ser herói, ser super...
bacana.

Reflete-se nas aves e na lua (só um fiozinho hoje) que a verdade está para chegar.
O mês de setembro passou como um avião
e os jatos que levam as águas para passear (como o cachorro, como o filho) esfarelam esse encardido das suas costas.
Muitos anos sem tomar sol
... é isso que dá.

Foi ontem (mas um ontem de muitos ontens atrás) que o vi em marcha, com a cria nas mãos, sobre rodas
e sobre rodas se pode falar por horas

(Eu passo. Tu passou.
Ela não, não sabe nem pregar um botão)
Contudo, é o que te faz levar o bebê contigo.

Certamente, ele não se esquece mais da roda no asfalto, do acelerado do seu coração, do som da borracha nas pedra.

E sim, penso muito sobre as raízes que destroem o que o homem criou por se acharem de deus.
E é certo que quando isso chegar, você me pegará no colo para que a turbulência não recaia sobre minhas rodas finas. E eu te agradecerei a vida toda por, naqueles instantes, não ouvir o barulho delas no asfalto, dele no peito.
Eu serei ela no teu colo.
Gostaria de falar nesse segundo de admiração.
O segundo passou, o querer permanece.
Perene sentir dentro de mim: sem estiar.
No tempo, rocheado está.

Tal qual a abelha no meio do mel
Eu, pra sempre, às voltas com.

21 de nov. de 2006


Foguete*, ouvi. Sua voz que contou da idéia do meu retorno, mas eu não voltei.

Em junho, por todo o mês, aguardava, em silêncio, e só.
O barulho da criançada, era a falta depravada que ficava, escancarada como a porta.
E nada da sua chegada.
Via-te no ar, nas mãos, no canto do vento, no doce da cana.
Deixou-me o gosto roubado, a flor no vestido, incrustado em mim como peixe nas mãos do pescador
Tirei a renda da naftalina, forrei cama, cobri mesa e fiz uma cortina
Varri a casa com vassoura fina, armei a rede na varanda, enfeitada com bonina.
Voltou em junho como sempre foi.
O dia mindinho, a alegria me rasgando o rosto em postas:
nunca mais senti tanta alegria
O mundo todo soube, voou foguete, fogueira acesa, céu cheinho de balão
Amor tão bonito e sincero, feito festa de São João.

* (J. Velloso/ Roque Ferreira)
(1)

Às seis e cinqüenta da véspera, eu festejo os mortos do dia seguinte, reflito aflita sobre o pensar e penso penso e peso o peso, o peso.
Na feira comprei gramas de coisas por quilo.
Bom ser uma só, ainda que de cabeça confusa e sem ela.

Recepção, com sutileza: eu soube, eu sei.
Sentir transbordando aromático em seus olhos sorrisos
Sem toques, mas com eles, come-se.
Eu ré torno e o seu, em seguida, me fez crer em algo mais com a certeza de desejo
: pensou.
E seus olhos são de céu. E só rir deita o branco, por entre vales.
Uns pequenos, outro largo.
Conheci-te de lã ao pescoço
Inesquecível querer um
: inventor da leveza de horas
Palafitas do suave viver vívida
Em um quarto de dia quero vê-lo reagir em um quarto de vida.
: azul e amarelo sempre casaram para mim
Depois do dia meu, dia seguinte, giganteei. Tarde chegou e eu também.
: notei o bem-que-me-quis, bem-que-me-viste, ainda que despiste.

Refletido em espelhos, senti momentâneo pavor por não te ter na realidade. Uma mágica de uma eu barbada de ilusão.
Da cartola, arranquei a imagem e coube ao atrasado no passo, braços atados
: mãos frias de mulher.
Em ritmo de recém-existido o chão tremeu por tabela
Porque era eu, porque era ela.

Arranhaunhei-te por cordas e luvas.
Vestido como escuro que nos servia, dados em mãos joga das ao ar
E a água que vertia da foz da saudade sentida
Dentro dos seguros acolheram-se
: queria te nu m o utra paisagem, na qual revelaria fotos e lâmpadas avermelh a ri am me as unhas brancas de ator

Não sabia mos onde pôr, as mãos.
Troco-as por palavras e as jogo (com l ares) pelos chãos
: em baralho me em ti e sigo em esquecer-lembrar de tempo

(2)

Respiro-me
Repito que não farei
Lá, eu, ho´mando vez mais
Armando e seus gestos de plástico, seu riso de metal
Por que se aparelhou depois dos vinte?
Devia ter deixado a tortice rimar com seu andar
Retorno no dia seguinte, pós-jura, ao 12º, toco-te e deixo um pouco de mim e de água num copo.
Expulso-o e parto: novo ser ressurge do lodo
Lótus-mim no centro da idade.

20 de nov. de 2006

Ratinho, ratinho
Te estudo e te boto pra correr.
Você se cansa, até, mas não sai do lugar.
Bate na mesma tecla de onde brota água ou comer, depende da cor.
Depois, solto na rua, jogo-te-joguete pra cima e mando, voa ratinho, mas surdo-rato-sem-asa, desobediente mente e es patifa se no chão.
Sua resposta abalou minha escada.
Como subir para algo sem estrutura?
Foram quatro palavras úteis

Ferramentas dadas por telefone:

Se for pra dizer o que eu quero, eu digo.
Assim, sem meias verdades, irei direto ao ponto.
As mãos que te foram dadas por mim custaram-me caro
Vendi-me: maneta fiquei.

Os braços dados no passeio: devolva-me o prazer de andar.
Não me ergo mais.
Vendi meus braços no caminho do altar.

Pernas pra que te quero.
Resta-me correr. Concordo: ainda que sem graça.
Em estado de graça não valho um real
Imaginaria a mente minha que ao sair do ar (ainda que condicionado a dizer não-não), haveria sono de amor e a hora mágica em que o sol se poria na minha escuridão de sins.
Trinta flores em forma de rés: pega a cadeira e senta.

Aguardo da ponte o hoje se transformar no amanhã.
O sonho vivente, o ano ausente.
Encontrei-te na terra do sol.

Gritei freios ao mundo, preciso mastigar.
O tom teu é o que quero, passar inho
Sugando lágrimas antes delas nascerem.

Assim, sigo. Levando cada vez mais a sério a existência de amor da vida.
Não há nada que seja irreversível
E eu te busco a cada dia

E esforço-me numa pesquisa de nuances por detrás de cada ponto.

Conceitos dos mais arraigados foram desfeitos.
Gosto da mão em mim. Mas, esquizofrênico, não gosto de expor a minha
pel a m e.

Minha inconveniência inexistente é sempre presente em um mundo meu, no qual reajo e ajo acreditando que seja, o mundo, sem volta.

No reverso da rima que não existe (como o mundo) (redondo): alimento-me de dias, rodantes, pivotantes, em eixo de versos, papeantes.
Ponto cruz os dedos e desejo-me sorte
Em mim, sou ti nha não mais
Paz: cadê

Agulho me nha mão
Sangue no lento vermelho pano meu
Pela pele nossa: branca
(Mão)

(.)
Talvez eu devesse falar da voz ou do cabelo sem jeito, pois sim
Talvez das roupas. De sempre. Da cor.
Talvez seja sobre isso que caiba dizer
Porque o sentir não cabe aqui
...nem em mim

E eu não sou os meus sentimentos: eu apenas os tenho.
Querer não é troca e o sentir é meu.

Lençóis brancos ao vento. Móbiles na janela.

Decidi: darei-me o que quero que me dê.
E assim viveremos de mãos dadas.

(..)
A gente (es) corre, ri, e se beija.

(...)
Quero ver o teu ninho, seres e sua vista.
Quadro-desejo que acompanha.
A clareza do seu pensar
A ca l ma

Aguardo notícias suas
Rezo por você
A vida encar rega rá tua samambaia laranja

(....)
Ao ouvir a fala minha: desculpa
Pura e simples
Empecilhos para não viver esse sentir

Ora.

(.....)
Por onde anda a dor que deveria estar sentindo?
(por conta desse fim)
Sonha com o índio passado, de olhos delineados.
Mocinho.

Brincando-brincando: hoje é dia dos mais felizes.
Acorda cedo, descobre a pólvora, salta por entre muros, voa mos.
Mãos dadas pela noite.

13 de nov. de 2006

Uma cachoeira de olhos inchados. É sono.
Mas não. É falta de você na minha vida.
Fico acordada desde o dia em que você arrumou as suas malas. Sem pedir ajuda minha.
Deve ter ficado uma coisa, como sempre ficam suas coisas sem as minhas mãos.
Mas desde aquele dia, meus dedos estão pelo caminho, uma unha aqui, falange, falangeta, falanginha.
Era como você me chamava.
Só caí em mim, quando quebrei a cara e a asa.
Depois quebrei tudo, o espelho, a casa. Sete outros anos de azar, esses sem ti, minha sorte.
Sorte sua poder estar longe, de malas em punho, uma vez mais, quando as coisas voarem pelos ares.
Queria era você voltando. Diz, mas precisa ir tão longe? Algo como nunca mais voltar?
Era só dizer até logo, acho que eu entenderia.
(8)
Mas e a menina que vivia por aqui?
- Viajou.
Foi pra perto dele, no nunca mais.
E volta não.
No lugar semeou-se uma outra, rosa lisa.
Margarideci-me, roseei-te. Flores cemos nós. E somos.
Ignorantemente plurais.

11 de nov. de 2006

Queimei o céu da boca com a primeira garfada que dei.
Virou colchonetinho d´água, mole, fininho, em cima.

Su miss te e eu des apareci.
Saiba: realmente me importava com isso
: realmente sou fechada
En traste
Sai ste

E já foi.

Estou uma hora na frente de tudo o que passou e você não me alcança.
Mas aqui dá pé e eu dou no.
Corro e olho o chão (que é pra não cair)
(.)
(Diz: abafa)
(..)
Senti falta de vocês hoje.
Mas me controlei e não fui.
Um dia depois do outro e, quando se vê, já se esqueceu.
Quem? Qual?
De onde?
...desculpa. Acho que foi engano.
Dois lindos enganos.
Preto no branco.
(...)
Suas palavras de rocha, enfiam na minha pele e sangram.
A casa limpa, o chão. Mas as paredes estão com as marcas dos seus pés.
Quanta displicência. Quis fazer tipo de James Dean, cabelo despenteado e pé na parede.
Mas ela era branca e recém-pintada.
Sujou-me: rastros
A tinta fresca há de marcar os seus passos.

5 de nov. de 2006

E sei que a imagem me faz sorrir e eu rio de orelha a.
Tudo por causa dela em mim. A retina queimada pelos olhos de.
A música envolveu por horas de a. Braços.
E a diferença não existe pois, no-fundo-no-fundo, únicos e sempre iguais na unicidade. E moramos na mesma.

Os minutos a mais, e eu não: queria. Congela tempo, congela como faz com o ar.
Frisante. Grifei-te.
A distância deve permanecer intocada. Quem tem que tocar somos nós, em corpos-luzes, os anos-luz, ilustre tu nesse arranjo ímpar de ombros irretocáveis, tambor em mim.

E numa tarde comum: conte me teu sonho
...materializado
(ó: ao desistir de procurar, encontrei)

Resíduo desse amálgama doce que me l a você:
te saudade mesmamente imensa intensa.

E na ida ao céu de rima de vida: açucara
olhos negativos revelam segredos de grito.

Sen ti me ti literalmente: sou tua desde pequenininha.
Está a minha. Tenho de romântica, dizem alguns.
Mas para mim, é espaço, dois e só. E sim, há três, verde, palhas e um branco.
E vontades.

De ter claridade, minha luz e mesa. Madeira - quatro patas e um tampo.
E cara. A minha.

E quero uma caixa. Sisal? Sem.
E chave para me trancafiar no se e quando e por em quanto tanto sinto tanto.

E fios cairão do teto como leves teias de mim mesma, com espelhos ou não. Leves me leve m s. Quero vento e cama na janela.
Pra ver a lua dela. E contar estrelas ou contar pra elas o dia que passou, a noite. Assim. Falar do sol que ela perdeu naquele dia, mas dar um pouquinho em forma do carinho perdido. Um achado.