21 de nov. de 2006


Foguete*, ouvi. Sua voz que contou da idéia do meu retorno, mas eu não voltei.

Em junho, por todo o mês, aguardava, em silêncio, e só.
O barulho da criançada, era a falta depravada que ficava, escancarada como a porta.
E nada da sua chegada.
Via-te no ar, nas mãos, no canto do vento, no doce da cana.
Deixou-me o gosto roubado, a flor no vestido, incrustado em mim como peixe nas mãos do pescador
Tirei a renda da naftalina, forrei cama, cobri mesa e fiz uma cortina
Varri a casa com vassoura fina, armei a rede na varanda, enfeitada com bonina.
Voltou em junho como sempre foi.
O dia mindinho, a alegria me rasgando o rosto em postas:
nunca mais senti tanta alegria
O mundo todo soube, voou foguete, fogueira acesa, céu cheinho de balão
Amor tão bonito e sincero, feito festa de São João.

* (J. Velloso/ Roque Ferreira)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, que delicia. Amor assim eu quero!