22 de abr. de 2007

A diferença de tempo entre as gotas é de meio segundo
É um ritmo tão lento para o verão
Mas nem todos vêem
Digo do amanhã, chuvoso ainda, mas com jeitão simples:
Viúva alegre depois do sol do fim de tarde

Entre os milésimos, um raio de sol.

Para cada baque surdo no chão, um facho de luz dasassossegado registra cidades internas e iguais no estado em que estou.
Ritmo de barco sobre a água amarronzada de vermelho, do batom que nunca passei, na rua que nunca nadei.
Eram colchões de pura esperança na estrada, verde mata pelos cantos.
Pensa em balão de gás seguros por barbantes

E a vida é o exato bloco de terra deslocado no ar. O lapso concreto entre a queda de contas de água. É o real casar da viúva inexistente de dia.

Viver é contarolar cantarolar controlar uma luz do sossego que via em outro.
Pasmaceira congela ar riba
Cai não, balão.
Fica.
Um amor de gato
.
Ver viver, agir, so rr ir
é de se admirar
Amor felino que apraz por te ter respirante ao lado, aos pés
Por me enrolar em e sobre, com coluna mole, em barulh ar
Novelo de duas gentes com pontas brilhantes de lã, são santos/profetas da meada inteira.
Permeia e compartilha vida recém-existida mas querida.
.
registro-te de pêlos por ti por tudo
risoto de dois pingos de luz, de dois, de gatos. pingados
na média dor normal indolor com topete de quem nada deve, além da vida de devota
tua sem tatoo ou tato
soul comuna, comum ao sol, não apretejo, branco a difícil
banco, mas não sustento, não aos olhos blues, soou sua suo fácil, soul frível
vou pra lá pra querer parecer contigo apa. show me me
tira-me da cartola abra me dá gaiola
cantando, canário rei de mágico de mim
dá condão pra vestir meu manto de céu
quero te mais nu

9 de abr. de 2007

(i)
Eu sempre escrevi deus com a letra mínima
...até que Você me ensinou a sua importância, naquela noite de festa.


(ii)
Vê o espaço em branco, completa.
É contínuo, não pode parar. Não com mulher grávida dele.
Faz mais de semana que tenta se cuidar e ir ao médico na hora do almoço mas o tempo não permite e, com o dilúvio que tá, chove no norte e ele, órfão, depende é do humor do patrão.
Depois das três o trânsito pára. E nem ele, primo distante de um que até Moisés chama desanda a abrir brecha entre cores e ferros.
Parado, é aí que lembra dela sem roupa, antes. Pensa na criança e em como vai ser nessa época moderna.
...
Continua
não pode parar.

(iii)
Ele é viciado em viver e vive à larga. A rromba. A porta. E entra.
(na mente)

(iv)
É dia naquela estação e a quenturinha vinha de sovaco de passarinho parado no muro. Asas paradas. Sem mosca.
Um pardal doador de sangria.
Caiu a gota, cai a gota, caia gotin´, plim, sentindo espanhol entre samba, de tarde, de clara castanha, e olas, só pra asso pará r

(v)
Faz um tempo que desistiu de dar Gabriela para a menina.
Sente o peso dos erros que cometeu.
Quer que a menina seja feita de luto. E fogo.
De uma receita brusca nascerá o filho, foi o que ouviu dizer.
Porque tudo o que sabe foi assim, de ouvir dizer.
Como o pai da neném, pois foi o primo com nome antigo de gente importante que os mostrou, um pro outro.
A mãe, nesse fim de prenhice, não quer pensar, mas sabe que não magica. Medica sim, com base em achismos que encontra no meio da calçada, que ouve, incompleta, aos poucos. No meio dessa vida entre aspas e parentes inúteis.
Coitada de pai e mãe. Às vezes pensa que melhor se fosse como ele, sem nenhum dos dois. Mas também sem dor, sem lembrar, sem cheiros.
Só depois que se sentiu melhor foi que pegou um papel usado, virou-o e escreveu no avesso a lista do que precisava. Coisas práticas, coisas práticas. Tirou as aspas e desvirou também a foto da família que deixou.
Pensa que se basta.
Decidiu, chamará Renata. Que se basta sempre que pode, reforça.
Cresça, nasça, assim. Morra. Não rime.
Na cozinha, deixou-a respirar. Deseja a idade.
Tenra é a massa sua, feijão fradinho, branco, de flácida pele de rio. tão.

(vi)
Fios caindo do teto
Filhos.
Que a vida comece assim que o sol se puser