21 de abr. de 2008

ilusão vez mais pega pela mão.
joga pão de mel seco pelo caminho para que não me perca nunca.
mas maria na perdida floresta, presa a uma não com nome de rei sol.
sendo maria e sendo luiz.
da vida comum nasce luz, algumas, daquelas azuis que dão esperança.
enxerga a realidade da indiferença, silencio dos meus sins.
tentei lã nos calcanhares, mas não. qualquer barulho fere.
a vida que me prende informa: via bloqueada por desabar. porque se chora, por dentro, por dor já vista. terra, tremo por mim, de novo. o tanto faz tem nome de passado.

eu posso te falar que morar com o pai é legal, tendo dois irmãos. um no senegal. e tem também bons amigos, e sites, e objetivos. muitos. ambição.com. separaram-se os pais quando tinha 15 anos, não fala com a mãe e tem um poodle. quer ter filhos mas agora não, não trai e não gosta de quem trai. sombra da mãe. come pouco, bebe bem, é correto. mas não gosta de unhas vermelhas. mas não dá.

do tamanho de um continente
velho
lá vou
poupando-me. sempre
(.)
não saí
foi o sábado que entrou
finalmente
em forma de lágrimas
agora posso dizer que passei
“eles passarão, eu passarinho”

vi na sua cara desespero
cresci para conseguir

saltando madeira, pés no barro: sem mente
um bloco só – mono nós

na dor da incerteza da falta de janelas com mãos dadas

liga logo
não sei nem se teu nome tem agá mas gostei do jeito leve

eu de strass
e ele numa calma de bom pastor
deixei-o para trás, de coração partido
e no peito uma esperança, verde, de que toque e que te conheça no apito
do riso quadrado
encanto.

sotaque puxado, entretem, divertido em sua camisa xadrez
humor de namoro, óculos e tênis

Paris, sou Marselha

fazia tempo que eu não pensava em você
fazia tempo que eu não chorava por você
aí resolvi me soltar pro mundo
mas hoje li as suas músicas

relembrei você
tocando o violão nas várias noites nossas
era eu chegando de carro e o seu sorriso lindo de olhos apertados, olhos azuis, lindos também e peludo, de camisa pólo e calça social. com seu cheiro de ser seu. abria o portão elétrico da casa clara e eu entrava naquele mundo que eu queria tanto entrar.

as mil flores laranjas caídas no chão, no meu carro, que deixava o preto todo sujo, colado de pétala. era bom.

a parati, o ar condicionado, o vidro riscado pelo limpador de pára-brisa.
tudo parou. voltei no tempo. agora você. documentários, carry grant, você trabalhando no escritório, te ouço cantar no chuveiro. o seu chuveiro forte, quente, água, os seus azulejos brancos, as toalhas iguais, gigantes como a cama. o seu quarto, o deck, o varal. ser humano. tomar café-da-manhã junto e rapidinho. estado de são paulo. suco de laranja, adoçante, xícara branca, levinha. fruta do conde, figo, arroz e alho-poró requentado no microondas. seu violão ao lado da cama, madrugada juntos. eu, de creme hidratante passado, banho tomado, amor feito, deitada na sua frente e pedindo pra você tocar.

fazia tempo que eu não pensava em você
fazia tempo que eu não chorava por mim
fazia tempo