29 de set. de 2006
E a menor noção do básico que lhe falta. E quando vem? E vem? A lucidez de negativo de amnésia, o completo saber exato de quem, onde, para onde, porque e mais.
Avança a hora e olhos transpassam um varal azul da mesma forma que eu atravesso a vida: irresponsavelmente
(...)
E Ricardo e seus cachos azuis. Idéias de ser marinho. Sem eira.
Levar-me às arraias, sorrir.
Ser em sons: erres, eu fui.
(...)
E ela seguia meu dedo enquanto eu o girava em frente a face sem dó, secreta, sem fala nem pensa se é.
Acompanhava com força e eu, hoje, quando falo, mexo as mãos e lembro da cara que era dela que, sem atentar às palavras, rodava os cabelos no ar.
(...)
Dor como a de tamborim que perde o reco-reco
E tive um troço, assassina-me
Roto no sovaco, te bato, mereces, malcriado
Ricardo-rei meu rei, da educação
tardia sombria, enquanto
volto eu pra te cozinhar e comer com óleo de canola, vendo você navegar, no vento amado, onde carrega o lenço que te comprei no centro da preciosidade
Maldade
Seca a razão, peço em ordem crono -de cor- lógica -que estudou e- mente -sua (sub) humana- urbana
(...)
Mais um final feliz: plantações que eu crio - cativeiro -
Engato-os, dou-lhes mãos entre si, enredeio, semei-os-laços comumente, engrosso a estatística. Definitivo: o perfil segue sendo o mesmíssimo, tudo no lugar.
E todas as noites encontro-te com cara de arqueiro, sorriso de canto, olhos cheios de quem dorme tarde, cabelos brilhantes e duros.
Mágica: o que faz com eles dá ar de ordem e, ao mesmo tempo, faz-te cuidadoso conosco e gratos somos e bastantes no noturno da festa espelhada em que olha só pra si.
Leoa: roar: precisarão de extras horas além das vinte e muitas: com caldo tem fome.
Cada minuto difere: descompromissada e irresponsável
(e pesa as conseqüências às segundas-feiras depois das sete da noite)
Grilo verde que cria, critica meu silêncio chato e esfrega-se entre patas e barulha então.
Verde som ao não
Procura casar (e inseto se aninha?) e cata gravetos por toda a noite, empacota e deixa-me de lembrança – de seu farfalhar de cortiço.
Brotou do ovo, cigarra perdida é sorte, dinheiro, espera.
Esperança até achar: formiga, virar: borboleta, brotar: madeira errante.
Depois, desisto: eras de barro.
(entre pontos e aspas)
27 de set. de 2006
Voou
Horas aladas
Chamas mãos
Chama que vôo
Enquanto o passo chegar
Chega mais
Continuamente
Crina clara
Acende uma vela e uma bola que foi e eu
Hei por ti ó pá, bacana
(...)
Cristo Cristie
A gata ri e eu grito
Ninguém triste
Rechonchuda
Bolinha de mi nh a auto ria
Ama dá passagem
De leite
Ricocheteia
Carinhoso feliz olhar de transa par em companhia
(Sente-se fraco e que as unhas cresçam, destruam o mundo que ele passará. Passa a vez e passa reto. Deixem-no em paz com suas longas garras, seu coração curto e a imensa vontade grudada que traz no pescoço)
O sentido. Diz: esquerda, esquerda, esquerda e esquerda. E voltamos ao ponto: qual é? Mais velho disse que não tem não. Um básico ver a vida, um dia, ´pois outro, esquerda, esquerda – recomeça. E ela diz, sussurrando: não saber, mas que gosta do vento sudeste entre seus cabelos e pernas. Mas, puxando o bispo para si, caminha na diagonal, ela, e sua sombra da tarde. E outra vez morreram os três e quem via perguntou: e o sentido? E lhe ensinei: no final do corredor à direita. Ao que houve grito: não. É a morte, o caminho que vai pro fim.
E hoje não difere, nem por você, nem por mim.
E se o sentido é sentir e, assim, não ter sentido: para onde ir?
Decido.
E mim era eu deitada na cama xis e corada de sim
Close-de-me e diz: beije-me
Melhor contar: mandar, de um igual, pois eu, ombro a ombro, digo: pare.
É o inconsciente que mente ao dizer não aos mins e nós
Diz estranho e lambe-me doce
Dá-me o que peço: dá
Melhor dizer mandar, de um igual, pois ele, olho no olho, diz: sobe.
20 de set. de 2006
13 de set. de 2006
Ele bate bem na minha cara
Esquenta-me
E eu o adoro
Quanto mais cedo durmo, mas tempo o vejo. Manhã, tarde.
Vai embora antes da noite, não se dá.
A mim cabe somente o dia.
Na minha lua, está com outra, certamente.
Adoração, meio peruana, meio perua, desenho-te
Jura que me esquenta até o fim, o corpo, corrompe. Eu rompo.
Te sigo, Ícaro, te chamo, vem.
Bate-me na cara, no corpo que é seu
Que há de reduzir a pó, um fogo tão intenso quanto o teu
Talvez menos, mas ainda assim, fogo
Arranca minhas asas
Gela meu futuro
Te amo meu
10 de set. de 2006
Balas coloridas
O azul que eu nunca esqueci e o sabor, açucarado
Cor reencontrada naquela imagem, doce como os olhos que tenho saudade
Delicado
Dedilho suas costas
O aperto no rim. Sufoco.
Bateria delicada.
E a hora de sentir-se-te entre dedos, cada digital sobre um pedaço
Abraço aperto sufoco e solto
Sim: quero-nos a granel
Tirei da frente os quilos de panos usados sufocantes, encaixotei-os de qualquer modo, sentei e chorei. Lágrimas doces por uma tarde inteira.
Sinto-me amarrotada pelos pés ao cimento dos meus planos sem cabeça nem.
Assim que der, parto. Longo o prazo. No curto há finais de semana, tenho reservas e lábios finos, outra faculdade, um sorriso, filme, novos sons.
Nessa tarde úmida de olhos, que já é noite agora como mostra a janela branca, trago uma dor infinita nos bolsos da calma que me veste hoje.
Cimento o que sinto: o pensamento
Cimento cimento
Dor é tristeza em pedra. Esfarelei.
Pó para sorrir e viver. Nessa ordem.
Engoli a vida após mil mastigadas: números e números
Trituro as coisas com os dentes, todos os 27 (não tive juízo, e o outro perdi aos 23), misturo e sinto com a língua toda.
Uma só, bi partida: reinicio o processamento. E durmo depois.
Acoberto assim as noites, por entre colchas, morrendo em cada amanhecer.
Diariamente.
Comportamentos reiterados. São feições distintas, com seriedade comum.
Perdi-me ao atentar aos lábios sem cor que se mexiam mexiam. E o som era o mesmo, os esses os erros.
Busco um alicate. Desatar-me do apego que nem meu é.
Tome, tudo, volte, sempre.
Para desentulhar olhos, destravar a porta (talvez uma das últimas).
Arrancar os óculos de lentes escuras e ser, sem ti r.
De leve, passos miúdos.
No bar, as caras estranhas. Rostos diferentes que reagem quimicamente ao contrário do meu.
Gritos: hoje não. Unhas polidas que brilham. Meu carro sujo que opaca.
O melhor do dia foi quando entrei com ele na garagem: silêncio, conforto, calma.
Tudo tem o seu tempo.
Vida nova vida nova vida
Há uma hora para cada coisa, cem horas.