9 de abr. de 2007

(i)
Eu sempre escrevi deus com a letra mínima
...até que Você me ensinou a sua importância, naquela noite de festa.


(ii)
Vê o espaço em branco, completa.
É contínuo, não pode parar. Não com mulher grávida dele.
Faz mais de semana que tenta se cuidar e ir ao médico na hora do almoço mas o tempo não permite e, com o dilúvio que tá, chove no norte e ele, órfão, depende é do humor do patrão.
Depois das três o trânsito pára. E nem ele, primo distante de um que até Moisés chama desanda a abrir brecha entre cores e ferros.
Parado, é aí que lembra dela sem roupa, antes. Pensa na criança e em como vai ser nessa época moderna.
...
Continua
não pode parar.

(iii)
Ele é viciado em viver e vive à larga. A rromba. A porta. E entra.
(na mente)

(iv)
É dia naquela estação e a quenturinha vinha de sovaco de passarinho parado no muro. Asas paradas. Sem mosca.
Um pardal doador de sangria.
Caiu a gota, cai a gota, caia gotin´, plim, sentindo espanhol entre samba, de tarde, de clara castanha, e olas, só pra asso pará r

(v)
Faz um tempo que desistiu de dar Gabriela para a menina.
Sente o peso dos erros que cometeu.
Quer que a menina seja feita de luto. E fogo.
De uma receita brusca nascerá o filho, foi o que ouviu dizer.
Porque tudo o que sabe foi assim, de ouvir dizer.
Como o pai da neném, pois foi o primo com nome antigo de gente importante que os mostrou, um pro outro.
A mãe, nesse fim de prenhice, não quer pensar, mas sabe que não magica. Medica sim, com base em achismos que encontra no meio da calçada, que ouve, incompleta, aos poucos. No meio dessa vida entre aspas e parentes inúteis.
Coitada de pai e mãe. Às vezes pensa que melhor se fosse como ele, sem nenhum dos dois. Mas também sem dor, sem lembrar, sem cheiros.
Só depois que se sentiu melhor foi que pegou um papel usado, virou-o e escreveu no avesso a lista do que precisava. Coisas práticas, coisas práticas. Tirou as aspas e desvirou também a foto da família que deixou.
Pensa que se basta.
Decidiu, chamará Renata. Que se basta sempre que pode, reforça.
Cresça, nasça, assim. Morra. Não rime.
Na cozinha, deixou-a respirar. Deseja a idade.
Tenra é a massa sua, feijão fradinho, branco, de flácida pele de rio. tão.

(vi)
Fios caindo do teto
Filhos.
Que a vida comece assim que o sol se puser

Um comentário:

katia disse...

não sei se é pior qdo aporta ...ou qdo embarca na mente...
lindo este post.